Você já parou para analisar que, de todas as igrejas locais fundadas pelos apóstolos, apenas uma existe até hoje — e está em péssimas condições? Pense nas igrejas plantadas por Paulo: nenhuma delas sobrevive. Em algum momento da história, cada uma dessas igrejas atingiu seu auge e, sem que os líderes percebessem, entrou em declínio até chegar à extinção.
Claro que a Igreja de Jesus cresceu e se multiplicou. Aquelas igrejas deram origem a outras, que plantaram mais igrejas, se ramificaram. Porém, houve um domingo, um dia de batismos, recepção de novos membros, culto ou reunião que foi a última vez em que aquela igreja esteve em seu melhor. Com certeza, no domingo seguinte, todos retornaram, celebraram o culto e parecia que tudo estava igual. Mas, na verdade, a igreja já começava a declinar. Algo estava diferente, e é possível que nem sequer tenham notado.
No próximo batismo, o número de pessoas foi menor do que no anterior. Provavelmente, pensaram que era apenas uma variação natural, afinal, nem todo batismo bate o recorde do anterior. Contudo, eles nunca mais ultrapassariam aquele ápice, e, alguns anos depois, a média mostraria que estavam em declínio desde aquele dia.
Recentemente, soube de uma igreja Presbiteriana em Londres que celebrou o culto de encerramento de suas atividades. Os membros remanescentes (majoritariamente com mais de 60 anos) se reuniram para um último culto. Cantaram músicas tradicionais, com a presença de um órgão, e ouviram uma mensagem sobre o impacto daquela igreja. Esse foi o último culto da congregação, que a partir daquele momento iria se espalhar para novas comunidades. O local que abrigava aquela igreja não hospedaria mais uma congregação local.
Revitalizar uma igreja pressupõe que ela tenha vivido, que tenha tido vigor em algum momento. Muitas igrejas, no entanto, surgem já em contextos de morte, divisões, brigas e competições internas. O propósito original de uma igreja é um fator essencial para sua saúde.
Por que uma igreja perde seu vigor? É possível identificar sinais de declínio e reavivar a chama da igreja local?
- O comodismo
Uma das razões é o comodismo. Os líderes, por alguma razão, começam a acreditar que o nível alcançado é o suficiente, geralmente por conta da estabilidade financeira e organizacional da igreja. Com isso, passam a ignorar um princípio básico de toda organização: estagnação leva à regressão. - A perda da identidade
Outra razão é a perda da identidade. A igreja pode ter sido plantada com um propósito específico, para alcançar um público alvo, mas com o tempo o “para quê existimos?” deixa de ser uma questão central na organização da igreja, o que resulta em um enfraquecimento do vigor. - Vida espiritual decadente
Uma vida espiritual decadente é uma das causas principais da perda de vigor. A igreja começa a ter um excesso de rituais, eventos e cultos, mas sem um acompanhamento real do desenvolvimento espiritual dos membros. Muitas vezes, tenta-se “produzir” vida espiritual com mais rituais, cultos do fogo ou do Espírito Santo, mas sem atacar a raiz do problema: a vida espiritual dos crentes durante a semana. - Rotina
A rotina também mata uma igreja. Quando a igreja perde sua visão e não vê mais um próximo passo, ela começa a trabalhar apenas para o próximo domingo. Isso desanima tanto os líderes quanto os membros engajados, e com o tempo, menos pessoas se sentirão motivadas. Afinal, Deus não deu dons e vocações para que as pessoas se limitassem a ir aos cultos aos domingos. Se a igreja não oferece espaço para que as pessoas desenvolvam seus talentos, perderá membros maravilhosos. - Inflexibilidade e inadaptabilidade
Inflexibilidade e inadaptabilidade também são grandes assassinas de igrejas. O mundo muda a cada dia, mais rápido, e isso faz com que as igrejas se distanciem do seu contexto original. Ser flexível e adaptável ao que é possível é crucial para que a igreja sobreviva às mudanças. - Liberalismos teológicos
O liberalismo teológico também tem matado igrejas. Quando a igreja deixa de crer na Bíblia como verdade absoluta e passa a relativizá-la, perde a base da sua existência. - Deterioração dos relacionamentos
Por fim, a deterioração dos relacionamentos, tanto entre os membros quanto entre a liderança e a comunidade, é um fator determinante no declínio da igreja.
Realizar um diagnóstico adequado é essencial para tomar decisões na hora certa, minimizar problemas e revitalizar a igreja.
